Este trabalho trata do desenvolvimento de um equipamento de
desbastamento iônico aplicado ao afinamento de amostras para análise com
a técnica de microscopia eletrônica de transmissão (MET). A técnica de
MET é uma das mais importantes para a caracterização da microestrutura
de praticamente todas as classes de materiais sólidos. Contudo, esta
técnica requer amostras suficientemente finas (espessuras típicas da
ordem de 100 nm) para que os elétrons transmitidos proporcionem
informação relevante da microestrutura. Com exceção do sistema de vácuo,
todos os demais componentes do equipamento (fonte de íons, câmara de
vácuo, fonte de alta tensão e suporte mecânico das amostras) foram
construídos na UFRGS. O equipamento foi testado através da preparação de
amostras de silício. As amostras obtidas apresentam áreas de observação
amplas e suficientemente finas permitindo uma caracterização
microestrutural detalhada mesmo com feixes de elétrons acelerados com
potencial de 120 kV. Além disso, os valores de taxa de desbaste em torno
de 1,5 mm/h foram obtidos em amostras bombardeadas com íons de Ar+
acelerados com um potencial de 6 kV. Tais resultados mostram que o
equipamento tem uma performance semelhante a um equipamento comercial A
segunda contribuição do trabalho foi a de introduzir um estudo
sistemático sobre a formação de camadas amorfas e a produção de átomos
auto intersticiais dentro da região cristalina das amostras de silício.
Trata-se de um assunto atual pois tais efeitos ainda não são bem
conhecidos. Apesar do estudo ter sido realizado em um material
específico (Si), os resultados obtidos podem ser aproveitados como
modelo para outros materiais. A formação de camadas amorfas foi
caracterizada em função dos parâmetros: ângulo de incidência e energia
do feixe de íons de Ar+ e temperatura da amostra durante a irradiação. A
produção e/ou injeção de átomos auto intersticiais na região cristalina
foi estudada em função do ângulo de incidência e da energia do feixe de
íons. Os resultados mostram que a espessura da camada amorfa cresce com
o aumento da energia e do ângulo de incidência do feixe e com a
diminuição da temperatura do alvo. A taxa de produção de átomos
intersticiais dentro da região cristalina apresenta um máximo para
ângulos em torno de 15° independentemente da energia do feixe de íons.
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